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INJETANDO ÓLEO DE COZINHA PARA FICAR FORTE

terça-feira, 8 de setembro de 2009


Internado desde a sexta-feira passada, no Instituto Dr. José Frota (IJF), o vendedor autônomo Antônio Roberto do Nascimento Medeiros, de 31 anos, é a vítima mais recente da corrida pelo corpo perfeito. Depois de testar várias substâncias anabolizantes comercializadas ilegalmente, Roberto injetou 300 ml de óleo de cozinha em cada uma de suas pernas. Como resultado, a perna esquerda iniciou um processo inflamatório que já se estende por quase nove meses.
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Na maior parte do membro, não há mais pele e em alguns pontos é possível ver os ligamentos e os ossos. “Estou nessa situação por minha vaidade. Diziam que eu era o mais forte do bairro (José Walter), me deslumbrei e quis ficar ainda maior. Hoje, me arrependo. Queria que o meu exemplo servisse de alerta para quem ingere todo tipo de coisa como anabolizante”, frisa Roberto.Ele passou os últimos dois meses em casa, sem acompanhamento médico, tomando apenas analgésicos para a dor. Antes, foi internado no Hospital Fernandes Távora, no IJF e no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e passou pelos cuidados de nove médicos. “Cada um dizia uma coisa. Sei que foi por causa do óleo, mas nunca me deram nenhum diagnóstico. A maioria dos médicos não quis se comprometer com meu caso e só falava em amputar minha perna”, lembra.Para o preceptor da Residência Médica em Cirurgia Plástica do IJF, Roberto Rios, o caso é muito grave, mas ainda será necessário uma avaliação das condições vasculares da perna para saber se será possível realizar um enxerto. Na segunda, foi realizada uma limpeza cirúrgica no membro atingido. Hoje, o médico deve chegar a uma avaliação das condições do paciente.“Depois da avaliação dos vasos sangüíneos, o processo todo deve demorar pelo menos uns 90 dias”, afirma o cirurgião plástico. Para o médico, injetar uma substância estranha no próprio corpo é uma atitude de extrema loucura. “Não sei o que leva uma pessoa a fazer isso. A história se assemelha com a de travestis que injetam silicone industrial no corpo”, diz.No caso de Roberto Medeiros, depois de injetar os remédios Deca-Durabolin e Durateston, ele passou a tomar anabolizantes localizados. Foi um passo para utilizar medicamentos para cavalos, como o complexo vitamínico A, D e E. O último degrau para o resultado desejado foi o óleo de cozinha. “Participava de campeonatos de fisiculturismo. Malhava há 11 anos. O que me ensinavam para ter os músculos maiores eu fazia”, afirma.
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Ele conta que quando começou a injetar óleo de cozinha nas pernas não sabia do que se tratava o produto. “Achava que o cara estava injetando remédio para cavalo, mas depois que descobri continuei aplicando. Sei que a responsabilidade foi minha, eu fui até a casa dele. Mas o que me preocupa, é que as pessoas do bairro sabem o que aconteceu comigo e continuam fazendo a mesma coisa”, diz.A história de Roberto não é um caso isolado. Mesmo sem querer denunciar o autor das injeções que o deixaram preso a uma cama há oito meses, ele conta que é cobrada de R$ 10,00 a R$ 15,00 por cada aplicação de óleo. “Outras pessoas estão cometendo a mesma loucura que eu. Não é difícil ver, os ´bombados´ com os braços e pernas com tumor”.De acordo com ele, a prática se alastrou pelo José Walter, Novo Mondubim, Pequeno Mondubim e Sítio Córrego, mas ultrapassa esses limites e já está se espalhando por outros bairros.

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