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Mais de 5 atletas do atletismo brasileiro são pegos no exame antidoping

segunda-feira, 7 de setembro de 2009


Os exames acusaram uso da substância EPO, hormônio que aumenta a capacidade de oxigenação do sangue.

País barra a participação, no Mundial de Berlim, de mais cinco atletas pegos no exame antidoping. Todos fazem parte de equipe paulista.

Às vésperas do Mundial de Berlim, que começa no próximo dia 15, o atletismo brasileiro foi atingido pelo maior escândalo de doping da sua história. Ontem, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) anunciou que cinco atletas foram flagrados em testes-surpresa, fora de competição, realizados em 15 de junho, na cidade de Presidente Prudente (SP). Todos usaram a mesma substância: EPO, sigla de eritropoietina.
Os velocistas Bruno Lins Tenório (200m e revezamento 4 x 100m), Jorge Célio Sena (200m e revezamento 4 x 100m), Josiane Tito (revezamento 4 x 400m) e Luciana França (400m com barreiras), além de Lucimara Silvestre, do heptatlo, estavam classificados para a mais importante competição do atletismo.
Já faziam aclimatação nos arredores de Berlim desde a semana passada — hoje, chegam ao Brasil, já proibidos de participar de qualquer competição até o fim do processo de apuração. Retornam também os técnicos Jayme Netto Júnior e Inaldo Sena. Na última quarta, outra atleta também classificada para o Mundial teve resultado positivo: Lucimar Teodoro, dos 400 metros com barreiras. O exame foi realizado durante o Troféu Brasil, em junho, no Rio de Janeiro.

Técnico renomado

Os seis atletas fazem parte da mesma equipe, a Rede Atletismo, com sede em Bragança Paulista (SP). Josiane Tito e Luciana França são treinadas por Inaldo Sena. Os outros quatro competidores trabalham com o técnico Jayme Netto Júnior, um dos mais celebrados profissionais do país.
Professor do curso de fisioterapia do câmpus de Presidente Prudente da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Jayme Netto é responsável pela equipe do revezamento 4 x 100m masculino. Tem no currículo duas medalhas olímpicas (bronze em Atlanta-1996 e prata em Sydney-2000), um vice-campeonato mundial (Paris-2003) e três títulos dos Jogos Pan-Americanos (Winnipeg-1999, Santo Domingo-2003 e Rio-2007).
Com o resultado positivo na primeira análise, todos os atletas vão apresentar justificativas à Confederação. Também já pediram a análise da contraprova (amostra B). A CBAt deve convocar outros dois atletas para substituir Bruno Lins Tenório e Jorge Célio Sena no revezamento 4 x 100m. De qualquer maneira, a delegação do país em Berlim, que era de 45 atletas, ficará agora com 41.

Efeitos colateraisHormônio que aumenta a capacidade de oxigenação do sangue. Assim, melhora o desempenho dos atletas em 15%. Pode, no entanto, provocar coágulos no sangue, ataques cardíacos e derrames cerebrais, além de deformações dos ossos, diabetes, cancro, artrite, miopatia e problemasna tiroide.

CBAt inicia investigaçãoO inédito caso de doping múltiplo motivou a abertura de um inquérito administrativo pela Confederação Brasileira de Atletismo. A apuração dos fatos será presidida pelo advogado Thomaz de Paiva, presidente da Agência Nacional Antidoping da entidade. O principal foco da investigação, que deve ser encerrada em no máximo 30 dias, é descobrir se os cinco testes positivos vindos de atletas de uma mesma equipe (a Rede Atletismo) e que treinam, em maioria, com o mesmo técnico (Jayme Netto Júnior) são apenas coincidência ou partem de uma rede sistemática de doping. “Certamente é o caso mais grave que tivemos no atletismo brasileiro, pois é o que pode gerar um maior desdobramento”, disse Paiva. “Vamos apurar toda e qualquer situação. Primeiro, caso a caso, depois, de maneira geral, até para saber se é algo isolado ou se vinha acontecendo com maior frequência.”

Memória

Esportistas de ponta na berlinda
Casos de doping não são comuns no esporte brasileiro, mas já atingiram atletas de ponta. O caso de maior impacto foi de Maurren Maggi, em 2003. Flagrada no exame antidoping para esteroide anabólico (clostebol), ela alegou contaminação por um creme cicatrizante usado após sessão de depilação. Foi suspensa por dois anos. Em Pequim, no ano passado, tornou-se a primeira brasileira a conquistar a medalha de ouro no salto em distância.
Jogador do Botafogo no Brasileiro de 2007, o atacante Dodô foi pego no exame antidoping pela substância fenproporex, presente em inibidores de apetite. A suspensão dele pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) teve início em novembro de 2007 e vai até 9 de novembro.
O vôlei também teve seus casos. Giba foi punido com apenas oito jogos de suspensão pela Federação Italiana de Vôlei, no fim de 2002, pelo uso de maconha. No feminino, Jacqueline ficou de fora do Pan do Rio após usar uma substância contra celulite. Ficou nove meses afastada das quadras.
Em novembro de 2007, foi a vez de a natação ter seu caso de doping. Rebeca Gusmão recebeu o resultado de teste positivo para esteroides anabolizantes em amostras coletadas no Pan do Rio. A Federação Internacional de Natação (Fina) suspendeu a atleta até julho de 2010.
Em 2002, o judoca João Derly foi suspenso por seis meses após ser flagrado em um exame antidoping pelo uso de diuréticos. Três anos mais tarde, o atleta gaúcho tornou-se o primeiro brasileiro campeão mundial no judô. Feito repetido em 2007.

FONTE:

Jornal CORREIO BRAZILENSE de 5/8/2009, encarte Super Esportes, pág. 16.

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